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Revista Espírita 1863 » Fevereiro » A loucura espírita Revue Spirite 1863 » Février » Sur la folie spirite

RESPOSTA AO SR. BURLET, DE LYON

 

O folhetim da Presse de 8 de janeiro de 1863 traz o artigo seguinte, tirado do Salut Public de Lyon, e que o Gironde, de Bordeaux, apressou-se em reproduzir, crendo lavrar um tento contra o Espiritismo:

 

CIÊNCIAS

 

“O Sr. Philibert Burlet, interno dos hospitais de Lyon, leu recentemente na Sociedade de Ciências Médicas desta cidade um interessante trabalho sobre o Espiritismo considerado como causa de alienação mental. Em face da epidemia que pesa no momento sobre a sociedade francesa, não será desprovido de utilidade assinalar os fatos contidos na memória do Sr. Burlet.

“O autor descreve com cuidado seis casos de loucura, dita aguda, por ele observados no hospital de Antiquaille, e nos quais, sem dificuldade, se constata a relação direta entre a alienação mental e as práticas espíritas. Por seu lado, diz ele, o Dr. Carrier teve ocasião, há pouco tempo, de tratar e ver curadas, em seu serviço, três mulheres que o Espiritismo havia enlouquecido. Aliás, não há um só médico que trata especificamente de alienação mental que não tenha observado casos análogos, em maior ou menor número, sem falar, é claro, das perturbações intelectuais ou afetivas que, sem chegar ao ponto a que se convencionou chamar de loucura, não deixam de alterar a razão e tornar desagradável e bizarro o comportamento dos que a apresentam.

“Essa influência da pretensa Doutrina Espírita está hoje bem demonstrada pela Ciência. As observações que o estabelecem contam-se aos milhares. Diz o Sr. Burlet que ‘Se nas outras partes da França, os casos de loucura causados pela doutrina dos médiuns forem tão frequentes quanto no departamento que habitamos ─ e não há motivos para que assim não seja ─ parece-nos fora de dúvida que o Espiritismo pode tomar lugar na linha das causas mais fecundas de alienação mental.’

“Terminando, o autor exorta os pais e mães de família, os chefes de oficinas etc. a ficarem atentos para que seus filhos e empregados não vão nunca ‘a essas reuniões espíritas chamadas grupos, nas quais o perigo para a razão não é o único a temer’.

“É, pois, de incontestável utilidade dar publicidade aos fatos deste gênero, colhidos conscienciosamente, como os do interno dos hospitais de Lyon. Não que haja a menor chance para agir sobre indivíduos já afetados pela epidemia. O caráter de sua loucura é precisamente a forte convicção de serem os únicos detentores da verdade. Em sua humildade, julgam-se com o dom de comunicar-se com os Espíritos, e consideram orgulhosa a Ciência que ousa duvidar de seu poder. Vítimas da alucinação que os empolga, admitida a sua premissa, raciocinam a seguir com uma lógica inatacável, que não faz senão fortalecê-los na aberração. Mas, pode-se conservar a esperança de agir sobre as inteligências ainda sãs que seriam tentadas a se exporem às seduções do Espiritismo, assinalando-lhes o perigo, e assim garanti-las contra esse perigo.

“É bom saber que as práticas espíritas e a convivência com os médiuns ─ que são verdadeiros alucinados — é necessariamente prejudicial para a razão. Só os caracteres fortemente temperados podem resistir. Os outros aí sempre deixam uma parte, maior ou menor, do seu bom-senso.”

A. SANSON

 

Este artigo pode fazer o contrapeso dos sermões relatados no artigo precedente. Pode-se ver, se não uma unidade de origem, ao menos uma intenção idêntica: a de levantar a opinião contra o Espiritismo, por meios onde transparece a boa-fé ou a ignorância das coisas.

Note-se a gradação que tiveram os ataques, a partir do famoso e desajeitado artigo da Gazette de Lyon (Vide Revista Espírita de outubro de 1860). Então não passava de chã zombaria, pelas quais os operários daquela cidade eram achincalhados, ridicularizados, e seus teares comparados a forcas. Não era, realmente, prova de deselegância lançar o desprezo sobre os trabalhadores e sobre os instrumentos que fazem a prosperidade de uma cidade como Lyon?

Desde então, a agressão toma outro caráter. Vendo a impotência do ridículo, e não podendo impedir-se de constatar o terreno que diariamente ganham as ideias espíritas, ela o retoma num tom mais lamentável. É em nome da Humanidade, em face da epidemia que pesa no momento sobre a sociedade francesa, que ela vem assinalar os perigos dessa pretensa doutrina que torna desagradável e bizarro o relacionamento daqueles que a professam, referência pouco lisonjeira para as senhoras de todas as classes, inclusive para as princesas que acreditam nos Espíritos.

Parece-nos, entretanto, que as pessoas violentas e irascíveis tornadas mansas e boas pelo Espiritismo não constituem prova de um caráter muito mau e são menos desagradáveis do que antes, e que entre os não espíritas só se encontram criaturas amáveis e benevolentes. Posto se encontrem muitas famílias onde o Espiritismo restabeleceu a paz e a união, é em nome de seu interesse que se intimam os operários a não irem a “essas reuniões chamadas grupos, onde podem perder a razão e outras coisas”, sem dúvida achando que as conservariam melhor indo ao cabaré do que ficando em casa.

Não tendo êxito com o motejo, eis que agora os adversários chamam a Ciência em seu apoio, não mais a ciência trocista, representada pelo músculo que range, do Sr. Jobert, de Lamballe (Vide Revista Espírita de junho de 1859), mas a Ciência séria, condenando o Espiritismo tão gravemente quanto outrora condenou a aplicação do vapor à marinha, e tantas outras utopias que mais tarde teve a fraqueza de aceitar como verdades.

E qual o seu representante em tão grave questão? É o Instituto de França? Não. É o Sr. Philibert Burlet, interno dos hospitais de Lyon, isto é, estudante de medicina, que forja as primeiras armas lançando uma memória contra o Espiritismo. Ele falou, e em seu nome e em nome do Sr. Sanson, da Presse, que a Ciência deu a sua sentença, sentença que provavelmente também não será mais inapelável que a dos doutores que condenaram a teoria de Harvey sobre a circulação do sangue, e que lançaram contra o seu autor “libelos e diatribes mais ou menos virulentos e grosseiros”. (Dictionnaire des Origines). Seja dito, entre parênteses, que um trabalho curioso seria uma monografia dos erros dos cientistas.

Diz o Sr. Burlet ter observado seis casos de loucura aguda produzida pelo Espiritismo, mas como é pouco para uma população de 300.000 almas, das quais pelo menos a décima parte é espírita, tem ele o cuidado de acrescentar “que se contariam por milhares se nas outras partes da França os casos de loucura causados pela doutrina dos médiuns fossem tão frequentes quanto no departamento que habitamos, e não há motivos para que assim não seja.”

Com o sistema de suposições vai-se muito longe, como se vê. Ora! Vamos mais longe que ele, e diremos, não por hipótese, mas por afirmação que, num tempo dado, só se encontrarão loucos entre os espíritas. Com efeito, a loucura é uma das enfermidades da espécie humana. Mil causas acidentais podem produzi-la, e a prova é que havia loucos antes que se falasse de Espiritismo, e que nem todos os loucos são espíritas, o Sr. Burlet há de concordar. Em todos os tempos houve loucos, e os haverá sempre. Então, se todos os habitantes de Lyon fossem espíritas, só se encontrariam loucos entre os espíritas, do mesmo modo que numa região inteiramente católica só haverá loucos entre os católicos. Observando a marcha da doutrina de uns anos para cá, até certo ponto poder-se-ia prever o tempo necessário para isto. Mas falemos só do presente.

Os loucos falam do que os preocupa. É bem certo que aquele que jamais tivesse ouvido falar de Espiritismo, dele não falaria, ao passo que, caso contrário, dele falará, assim como falaria de religião, de amor etc. Seja qual for a causa da loucura, o número de loucos falando de Espíritos aumentará naturalmente com o número de adeptos. A questão é saber se o Espiritismo é uma causa eficiente de loucura. O Sr. Burlet o afirma do alto de sua autoridade de interno, dizendo que “Essa influência é hoje bem demonstrada pela Ciência”. Daí, inflamado, apela aos rigores da autoridade, como se uma autoridade qualquer pudesse impedir o curso de uma ideia, e sem pensar que as ideias jamais se propagam melhor do que sob o império da perseguição. Toma ele sua opinião e a dos que pensam como ele por decretos da Ciência? Ele parece ignorar que o Espiritismo conta em suas fileiras grande número de médicos ilustres; que muitos dos grupos e sociedades são presididos por médicos que, também eles, são homens de ciência, e que chegam a conclusões contrárias às suas. Quem tem razão: ele ou os outros? Neste conflito entre a afirmação e a negação, quem pronunciará o veredito final? O tempo, a opinião, a consciência da maioria e a própria Ciência, que se renderá à evidência, como já o fez em outras circunstâncias.

Diremos ao Sr. Burlet que é contra os mais simples preceitos da lógica deduzir uma consequência geral de alguns fatos isolados, a que outros fatos podem dar um desmentido. Para apoiar vossa tese, seria preciso um trabalho diverso do vosso. Dissestes haver observado seis casos. Creio em vossa palavra, mas, o que é que isso prova? Se tivésseis observado o dobro ou o triplo não provaríeis mais, se o total dos loucos não passou da média. Suponhamos a média de 1.000, para usar um número redondo. Sendo sempre as mesmas as causas habituais da loucura, se o Espiritismo pode provocá-la, é mais uma causa que, somada às outras, deve aumentar a cifra da média. Se desde a introdução das ideias espíritas a média de 1.000 tivesse subido para 1.200, por exemplo, e a diferença fosse precisamente a dos casos de loucura espírita, a questão mudaria de figura. Mas enquanto não for provado que sob a influência do Espiritismo a média dos alienados aumentou, a amostragem feita de alguns casos isolados nada prova senão a intenção de lançar o descrédito sobre as ideias espíritas e de apavorar a opinião.

No estado atual das coisas, resta mesmo conhecer o valor dos casos isolados que se nos apresentam, e saber se todo alienado que fala dos Espíritos deve sua loucura ao Espiritismo, para o que seria necessário um juiz imparcial e desinteressado. Suponhamos que o Sr. Burlet fique louco, o que pode acontecer-lhe, como a qualquer outro, - e, quem sabe, talvez mais do que a um outro, - haveria algo de admirável que, preocupado com a ideia que combateu, dela falasse em sua demência? Deveria daí concluir-se que foi a crença nos Espíritos que o enlouqueceu?

Poderíamos citar vários casos, dos quais fazem muito alarido, e nos quais ficou provado que as pessoas se tinham ocupado pouco ou nada do Espiritismo, ou que tinham tido ataques de loucura bem caracterizados muito anteriores.

A isto devem juntar-se os casos de obsessão e subjugação, que são confundidos com a loucura e tratados como tal, com grande prejuízo para a saúde das pessoas afetadas, como explicamos em nossos artigos sobre Morzine. À primeira vista, são estes os únicos que poderiam ser atribuídos ao Espiritismo, posto esteja provado que se encontram em grande número de pessoas estranhas a ele e que, pela ignorância da causa, são erroneamente tratados.

É verdadeiramente curioso ver certos adversários que não creem nos Espíritos nem em suas manifestações pretenderem que o Espiritismo seja uma causa de loucura. Se os Espíritos não existem ou se não podem comunicar-se com os homens, todas essas crenças são quimeras que nada têm de real. Perguntamos, então, como o nada pode produzir alguma coisa?

É a ideia, dirão eles; essa ideia é falsa; ora, todo homem que professa uma ideia falsa desarrazoa. Que ideia é essa, tão funesta à razão? Ei-la: Temos uma alma que vive após a morte do corpo. Essa alma conserva as afeições da vida terrena e pode comunicar-se com os vivos. Segundo eles, é melhor acreditar no nada após a morte, ou então, o que dá no mesmo, que a alma, perdendo a sua individualidade, se confunde no todo universal, como as gotas de água no oceano. De fato, com esta última ideia não há mais necessidade de nos inquietarmos com a sorte do próximo e que só temos que pensar em nós, bem beber, bem comer nesta vida, tudo em proveito do egoísmo.

Se a crença contrária é uma causa de loucura, por que existem tantos loucos entre as pessoas que em nada creem? Direis que esta causa não é a única. De acordo. Mas então, por que quereríeis que essas causas não pudessem ferir um espírita como a qualquer outro? E por que pretenderíeis tornar o Espiritismo responsável por uma febre alta ou uma insolação?

Apelais à autoridade para tomar medidas contra as ideias espíritas porque, em vossa opinião, elas desorganizam o cérebro. Mas por que não chamais a vigilância da autoridade contra as outras causas? Na vossa solicitude pela razão humana, da qual vos supondes o protótipo, fizestes a estatística dos inumeráveis casos de loucura produzidos pelo desespero do amor? Por que não apelais à autoridade para proscrever o sentimento amoroso?

Está comprovado que todas as revoluções são marcadas por uma recrudescência notável nas afecções mentais. Eis aí uma causa eficiente bem manifesta, pois aumenta a cifra da média. Por que não aconselhais os governos a interditarem as revoluções como coisa malsã?

Considerando-se que o Sr. Burlet fez o relato enorme de seis casos de loucura dita espírita, numa população de 300.000 almas, aconselhamos os médicos espíritas a fazerem o mesmo com todos os casos de loucura, de epilepsia e outras afecções causadas pelo medo do diabo, pelo terrível quadro das torturas do inferno e pelo ascetismo das reclusões claustrais.

Longe de admitir o Espiritismo como uma causa de aumento da loucura, dizemos que ele é uma causa atenuante, que deve diminuir o número dos casos produzidos pelas causas ordinárias. Com efeito, entre essas causas, devem ser colocados em primeira linha os desgostos de toda natureza, as decepções, as afeições contrariadas, os revezes da fortuna, as ambições frustradas. O efeito dessas causas está na razão da impressionabilidade do indivíduo. Se tivéssemos um meio de atenuar essa impressionabilidade, este seria, sem dúvida, o melhor preservativo. Ora! Esse meio está no Espiritismo, que amortece o contra-golpe moral; que faz suportar com resignação as vicissitudes da vida. Alguém que se teria suicidado por um revés, adquire na crença espírita uma força moral que o leva a receber o mal com paciência. Não só não se matará, mas, em presença da maior adversidade, conservará a razão fria, porque tem uma fé inalterável no futuro.

Dar-lhe-eis essa calma com a perspectiva do nada? Não, pois ele não entrevê nenhuma compensação, e se não tiver o que comer, poderá comer-vos. A fome é terrível conselheira para quem acredita que tudo acaba com a vida. Ora! O Espiritismo faz suportar a fome, porque faz ver, compreender e esperar a vida que sucede à morte do corpo. Eis a sua loucura.

A maneira pela qual o verdadeiro espírita encara as coisas deste mundo e do outro, leva-o a domar em si as mais violentas paixões, mesmo a cólera e a vingança.

Depois do artigo insultuoso da Gazette de Lyon, relembrado pouco acima, um grupo de cerca de uma dúzia de operários nos disse: “Se não fôssemos espíritas iríamos dar uma surra no autor, para lhe ensinar a viver, e se estivéssemos em revolução incendiaríamos a redação de seu jornal. Mas somos espíritas. Nós o lastimamos e pedimos a Deus que o perdoe.”

Que dizeis desta loucura, Sr. Burlet? Num caso semelhante, o que teríeis preferido: tratar com loucos dessa espécie ou com homens que nada temem? Pensai que hoje os há mais de vinte mil em Lyon. Pretendeis servir aos interesses da Humanidade e não compreendeis os vossos! Pedi a Deus para que um dia não tenhais que lamentar não sejam todos os homens espíritas. É para isto que vós e os vossos trabalhais com todas as forças. Semeando a incredulidade, minais os fundamentos da ordem social; estimulais a anarquia, as reações sangrentas.

Nós trabalhamos para dar a fé aos que em nada creem; para espalhar uma crença que torna os homens melhores uns para com os outros; que lhes ensina a perdoar aos inimigos; a se olharem como irmãos, sem distinção de raça, casta, seita, cor, opinião política ou religiosa, uma crença que, numa palavra, faz nascer o verdadeiro sentimento da caridade, da fraternidade e dos deveres sociais.

Perguntai a todos os chefes militares que têm subordinados espíritas sob suas ordens, quais eles conduzem com mais facilidade, que melhor observam a disciplina sem emprego do rigor.

Perguntai aos magistrados, aos agentes da autoridade que têm auxiliares espíritas nas camadas inferiores da Sociedade, quais são os mais ordeiros e tranquilos; sobre os quais menos se exerce a lei; onde há menos tumulto a apaziguar e desordens a reprimir.

Numa cidade do sul, dizia-nos um comissário de polícia: “Desde que o Espiritismo se espalhou em minha circunscrição, tenho dez vezes menos casos do que antes”.

Perguntai, enfim, aos médicos espíritas quais os doentes em que encontram menos afecções causadas pelos excessos de todo o gênero. Eis uma estatística que me parece um pouco mais concludente que os vossos seis casos de alienação mental. Se tais resultados são uma loucura, tenho a glória de propagá-la.

Onde foram colhidos tais resultados? Nos livros que alguns queriam lançar à fogueira. Nos grupos dos quais recomendais aos operários que fujam. Que é o que se vê nesses grupos, que pintais como o túmulo da razão? Homens, senhoras, crianças que escutam com recolhimento uma suave e consoladora moral, em vez de ir ao cabaré perder seu dinheiro e sua saúde ou fazer barulho em praça pública; que de lá saem com o amor aos semelhantes no coração, em vez de ódio e vingança.

Eis uma singular confissão feita pelo autor do artigo precitado: “Vítimas da alucinação que os empolga, admitida a sua premissa, raciocinam a seguir com uma lógica inatacável, que não faz senão fortalecê-los na aberração. Singular loucura, na verdade, essa que raciocina com uma lógica irreprochável!

Ora, qual é essa premissa? Nós o dissemos há pouco: A alma sobrevive ao corpo, conserva a sua individualidade e suas afeições, e pode comunicar-se com os vivos. O que pode provar a verdade de uma premissa, senão a lógica irreprochável das deduções? Quem diz irreprochável, diz inatacável, irrefutável. Assim, se as deduções de uma premissa são inatacáveis, é que satisfazem a tudo, e que nada se lhes pode opor. Assim, se essas deduções são verdadeiras, é que a premissa é verdadeira, pois a verdade não pode ter o erro por princípio.

De um princípio falso, sem dúvida podem deduzir-se consequências aparentemente lógicas, mas será uma lógica aparente, isto é, sofismas e não uma lógica irreprochável, pois deixará sempre uma porta aberta à refutação. A verdadeira lógica é a que satisfaz plenamente à razão; a que não pode ser contestada.

A falsa lógica não passa de falso raciocínio, sempre contestável. O que caracteriza as deduções de nossa premissa é, em princípio, que são baseadas na observação dos fatos; em segundo lugar, que explicam de maneira racional o que sem isso seria inexplicável. Substituí a nossa premissa pela negação e vos chocareis a cada passo com dificuldades insolúveis. A teoria espírita, dizemos nós, é baseada em fatos, mas sobre milhares de fatos que se repetem todos os dias e são observados por milhões de pessoas. A vossa, sobre meia dúzia, observados por vós. Eis uma premissa da qual cada um pode tirar a conclusão.


Réponse à M. Burlet, de Lyon.

Le feuilleton de la Presse du 8 janvier 1863 contient l'article suivant, tiré du Salut public de Lyon, et que la Gironde de Bordeaux s'est empressée de reproduire, croyant y trouver une bonne fortune contre le Spiritisme:

SCIENCES.

« M. Philibert Burlet, interne des hôpitaux de Lyon, a lu récemment à la Société des sciences médicales de cette ville un intéressant travail sur le Spiritisme considéré comme cause d'aliénation mentale. En présence de l'épidémie qui sévit en ce moment sur la société française, il ne sera sans doute pas dépourvu d'utilité de signaler les faits contenus dans le mémoire de M. Burlet.

« L'auteur a décrit avec soin six cas de folie, dite aiguë, observés par lui-même à l'hôpital de l'Antiquaille, et dans lesquels on suit sans aucune difficulté la relation directe entre l'aliénation mentale et les pratiques spirites. M. le docteur Carrier, dit-il, a eu pour sa part l'occasion, et depuis peu de temps, de traiter et de voir guérir, dans son service, trois femmes que le Spiritisme avait rendues folles. Au reste, il n'est pas un seul médecin, s'occupant spécialement d'aliénation mentale, qui n'ait eu à observer en plus ou en moins grand nombre des cas analogues, sans parler, bien entendu, des troubles intellectuels ou affectifs qui, sans aller jusqu'au point que l'on est convenu d'appeler la folie, ne laissent pas que d'altérer la raison et de rendre le commerce de ceux qui les présentent désagréable et bizarre. Cette influence de la prétendue doctrine spirite est aujourd'hui bien démontrée par la science. Les observations qui l'établissent se compteraient par milliers, « Si, dit M. Burlet, dans les autres parties de la France, les cas de folie causés par la doctrine des médiums sont aussi fréquents que dans le département que nous habitons, et il n'y a pas de raison pour qu'il n'en soit pas ainsi, il nous semble hors de doute que le Spiritisme peut prendre place au rang des causes les plus fécondes d'aliénation mentale. » En terminant, l'auteur exhorte les pères et mères de famille, les chefs d'atelier, etc., à veiller à ce que leurs enfants ou leurs employés ne se rendent jamais dans « ces réunions spirites appelées des groupes, et dans lesquelles, ajoute-t-il, le péril pour la raison n'est certainement pas le seul à craindre. »

« Il est donc d'une incontestable utilité de donner de la publicité aux faits de ce genre consciencieusement recueillis, comme ceux de l'interne des hôpitaux de Lyon. Non pas qu'il y ait la moindre chance pour qu'ils agissent sur les individus frappés déjà par l'épidémie; le caractère de leur folie est précisément la forte conviction d'être seuls en possession de la vérité. Dans leur humilité, ils se croient le don de communiquer avec les Esprits, et ils traitent d'orgueilleuse la science qui ose douter de leur puissance. Victimes de l'hallucination qui les possède, leur prémisse admise, ils raisonnent ensuite avec une logique irréprochable, qui ne fait que les affermir dans leur aberration. Mais on peut conserver l'espoir d'agir sur les intelligences encore saines qui seraient tentées de s'exposer aux séductions du Spiritisme, en leur signalant le danger, et les garantir ainsi contre ce danger. Il est bon de savoir que les pratiques spirites et la fréquentation des médiums, — qui sont de véritables hallucinés, — est nécessairement malsaine pour la raison. Les seuls caractères fortement trempés peuvent y résister. Les autres y laissent toujours une partie, petite ou grande, de leur bon sens. »

« A. SANSON. »

Cet article peut faire le pendant des sermons relatés dans l'article précédent; on peut y voir, sinon une communauté d'origine, du moins une intention identique: celle de soulever l'opinion contre le Spiritisme par des moyens où percent la même bonne foi ou la même ignorance des choses. Remarquez la gradation qu'ont suivie les attaques depuis le fameux et maladroit article de la Gazette de Lyon (voir la Revue spirite du mois d'octobre 1860, page 254); ce n'était alors qu'une plate raillerie où les ouvriers de cette ville étaient bafoués, ridiculisés, et leurs métiers comparés à des potences. N'était-ce pas en effet une maladresse insigne que de déverser le mépris sur les travailleurs et les instruments qui font la prospérité d'une ville comme Lyon? Depuis lors l'agression a pris un autre caractère: voyant l'impuissance du ridicule, et ne pouvant s'empêcher de constater le terrain que gagnent chaque jour les idées spirites, elle le prend sur un ton plus lamentable; c'est au nom de l'humanité, en présence de l'épidémie qui sévit en ce moment sur la société française, qu'elle vient signaler les dangers de cette prétendue doctrine qui rend le commerce de ceux qui la professent désagréable et bizarre. Compliment peu flatteur pour les dames de tous rangs, voire même les princesses, qui croient aux Esprits. Il nous semble pourtant que les personnes violentes et irascibles devenues douces et bonnes par le Spiritisme ne font pas preuve d'un trop mauvais caractère et sont moins désagréables qu'auparavant, et que parmi les non-spirites on ne rencontre pas que des gens aimables et bienveillants. Bien que l'on voie de nombreuses familles où le Spiritisme a ramené la paix et l'union, c'est au nom de leur intérêt que l'on adjure les ouvriers de ne point se rendre dans « ces réunions appelées groupes, où ils peuvent perdre leur raison, et bien d'autres choses, » trouvant sans doute qu'ils la conserveraient bien mieux en allant au cabaret qu'en restant chez eux.

Le persiflage n'ayant pas réussi, voilà maintenant que les adversaires appellent la science à leur aide; non plus la science railleuse représentée par le muscle craqueur de M. Jobert (de Lamballe) (voir la Revue spirite de juin 1859, page 141), mais la science sérieuse, condamnant le Spiritisme aussi gravement qu'elle a condamné jadis l'application de la vapeur à la marine, et tant d'autres utopies que l'on a eu plus tard la faiblesse de prendre pour des vérités. Et quel est son représentant dans cette grave question? Est-ce l'Institut de France? Non, c'est M. Philibert Burlet, interne des hôpitaux de Lyon, c'est-à-dire étudiant en médecine, qui fait ses premières armes en lançant un mémoire contre le Spiritisme. Il a parlé, et de par lui et M. Sanson (de la Presse), la science a rendu son arrêt, arrêt qui, probablement, ne sera pas plus sans appel que celui des docteurs qui condamnèrent la théorie d'Harvey sur la circulation du sang et lancèrent contre son auteur « des libelles et des diatribes plus ou moins virulentes et grossières. » (Dictionnaire des origines.) Soit dit entre parenthèse, un travail curieux à faire serait une monographie des erreurs des savants.

M. Burlet a observé, dit-il, six cas de folie aiguë produite par le Spiritisme; mais comme c'est peu sur une population de 300 000 âmes, dont le dixième au moins est spirite, il a soin d'ajouter « qu'on les compterait par milliers si, dans les autres parties de la France, les cas de folie causés par la doctrine des médiums sont aussi fréquents que dans le département que nous habitons, et il n'y a pas de raison pour qu'il n'en soit pas ainsi. »

Avec le système des suppositions on va fort loin, comme on le voit. Eh bien! nous allons plus loin que lui, et nous dirons, non par hypothèse, mais par affirmation, que, dans un temps donné, on ne comptera des fous que parmi les Spirites. En effet, la folie est une des infirmités de l'espèce humaine; mille causes accidentelles peuvent la produire, et la preuve en est, c'est qu'il y a eu des fous avant qu'il ne fût question de Spiritisme, et que tous les fous ne sont pas Spirites. M. Burlet nous concédera bien ce point. De tout temps il y a donc eu des fous, et il y en aura toujours; donc si tous les habitants de Lyon étaient Spirites, on ne trouverait de fous que parmi les Spirites, absolument comme dans un pays tout catholique, il n'y a de fous que parmi les catholiques. En observant la marche de la doctrine depuis quelques années, on pourrait, jusqu'à un certain point, prévoir le temps qu'il faut pour cela. Mais ne parlons que du présent.

Les fous parlent de ce qui les préoccupe; il est bien certain que celui qui n'aurait jamais entendu parler du Spiritisme, n'en parlera pas, tandis que, dans le cas contraire, il en parlera comme il le ferait de religion, d'amour, etc. Quelle que soit la cause de la folie, le nombre des fous parlant des Esprits augmentera donc naturellement avec le nombre des adeptes. La question est de savoir si le Spiritisme est une cause efficiente de folie. M. Burlet l'affirme du haut de son autorité d'interne en disant que: « Cette influence est aujourd'hui bien démontrée par la science. » De là, criant au feu, il fait appel aux rigueurs de l'autorité, comme si une autorité quelconque pouvait empêcher le cours d'une idée, et sans songer que les idées ne sont jamais plus propagées que sous l'empire de la persécution. Prend-il donc son opinion et celle de quelques hommes qui pensent comme lui pour les arrêts de la science? Il paraît ignorer que le Spiritisme compte dans ses rangs un très grand nombre de médecins distingués, que beaucoup de groupes et sociétés sont présidés par des médecins qui, eux aussi, sont des hommes de science, et qui prennent des conclusions toutes contraires aux siennes. Qui donc a raison de lui ou des autres? Dans ce conflit entre l'affirmation et la négation, qui est-ce qui prononcera en dernier ressort? Le temps, l'opinion, la conscience de la majorité, et la science elle-même qui se rendra à l'évidence, comme elle s'y est rendue en d'autres circonstances.

Nous dirons à M. Burlet: il est contraire aux plus simples préceptes de la logique de déduire une conséquence générale de quelques faits isolés, et à laquelle d'autres faits peuvent donner un démenti. Pour appuyer votre thèse, il faudrait un autre travail que celui que vous avez fait. Vous avez, dites-vous, observé six cas; je vous crois sur parole; mais qu'est- ce que cela prouve? Vous en auriez observé le double ou le triple, que cela ne prouverait pas davantage, si le total des fous n'a pas dépassé la moyenne. Supposons cette moyenne de 1000 pour prendre un nombre rond; les causes habituelles de folie étant toujours les mêmes, si le Spiritisme peut la provoquer, c'est une cause de plus ajoutée à toutes les autres, et qui doit augmenter le chiffre de la moyenne. Si depuis l'introduction des idées spirites, cette moyenne, de 1000 se trouvait portée à 1200, par exemple, et que cette différence fût précisément celle des cas de folie spirite, la question changerait de face, mais tant qu'il ne sera pas prouvé que, sous l'influence du Spiritisme, la moyenne des aliénés a augmenté, l'étalage que l'on fait de quelques cas isolés ne prouve rien, sinon l'intention de jeter du discrédit sur les idées spirites, et d'effrayer l'opinion.

Dans l'état actuel des choses, il reste même à connaître la valeur des cas isolés que l'on met en avant, et de savoir si tout aliéné qui parle des Esprits doit sa folie au Spiritisme, et pour cela il faudrait un juge impartial et désintéressé. Supposons que M. Burlet devienne fou, ce qui peut lui arriver tout comme à un autre; — qui sait même? plutôt qu'à un autre, peut-être; — y aurait-il rien d'étonnant à ce que, préoccupé de l'idée qu'il a combattue, il en parlât dans sa démence? Faudrait-il en conclure que c'est la croyance aux Esprits qui l'aura rendu fou? Nous pourrions citer plusieurs cas, dont on fait grand bruit, et où il a été prouvé, ou que les individus s'étaient peu ou point occupés de Spiritisme, ou avaient eu des attaques de folie caractérisée bien antérieures. A cela il faut ajouter les cas d'obsession et de subjugation que l'on confond avec la folie, et que l'on traite comme tels au grand préjudice de la santé des personnes qui en sont affectées, ainsi que nous l'avons expliqué dans nos articles sur Morzine. Ce sont les seuls qu'on pourrait, au premier abord, attribuer au Spiritisme, bien qu'il soit prouvé qu'ils se rencontrent en grand nombre chez les individus qui y sont le plus étrangers, et que, par l'ignorance de la cause, on traite à contre-sens.

Il est vraiment curieux de voir certains adversaires qui ne croient ni aux Esprits, ni à leurs manifestations, prétendre que le Spiritisme soit une cause de folie. Si les Esprits n'existent pas, ou s'ils ne peuvent se communiquer aux hommes, toutes ces croyances sont des chimères qui n'ont rien de réel. Nous demandons alors comment rien peut produire quelque chose? C'est l'idée, diront-ils; cette idée est fausse; or tout homme qui professe une idée fausse déraisonne. Quelle est donc cette idée si funeste à la raison? la voici: Nous avons une âme qui vit après la mort du corps; cette âme conserve ses affections de la vie terrestre, et elle peut se communiquer aux vivants. Selon eux, il est plus sain de croire au néant après la mort; ou bien, ce qui revient au même, que l'âme perdant son individualité se confond dans le tout universel, comme les gouttes d'eau dans l'Océan. Il est de fait qu'avec cette dernière idée on n'a plus besoin de s'inquiéter du sort de ses proches, et que l'on n'a qu'à songer à soi, à bien boire, à bien manger en cette vie, ce qui est tout profit pour l'égoïsme. Si la croyance contraire est une cause de folie, pourquoi y a-t-il tant de fous parmi les gens qui ne croient à rien? C'est, direz-vous, que cette cause n'est pas la seule. D'accord; mais alors pourquoi voudriez-vous que ces causes ne pussent frapper un Spirite tout comme un autre; et pourquoi prétendriez-vous rendre le Spiritisme responsable d'une fièvre chaude ou d'un coup de soleil? Vous engagez l'autorité à sévir contre les idées spirites parce que, selon vous, elles détraquent le cerveau; mais que n'appelez-vous aussi la vigilance de l'autorité sur les autres causes? Dans votre sollicitude pour la raison humaine, dont vous vous faites le type, avez-vous fait le relevé des innombrables cas de folie produits par les désespoirs d'amour? Que n'engagez-vous l'autorité à proscrire le sentiment amoureux? Il est avéré que toutes les révolutions sont marquées par une recrudescence notable dans les affections mentales; c'est donc là une cause efficiente bien manifeste, puisqu'elle augmente le chiffre de la moyenne; que ne conseillez-vous aux gouvernements d'interdire les révolutions comme chose malsaine? Puisque M. Burlet a fait le relevé énorme de six cas de folie soi-disant spirite, sur une population de 300000 âmes, nous engageons les médecins spirites à faire celui de tous les cas de folie, d'épilepsie et autres afflictions causées par la peur du diable, l'effrayant tableau des tortures éternelles de l'enfer, et l'ascétisme des réclusions claustrales.

Loin d'admettre le Spiritisme comme une cause d'accroissement dans la folie, nous disons que c'est une cause atténuante qui doit diminuer le nombre des cas produits par les causes ordinaires. En effet, parmi ces causes, il faut placer en première ligne les chagrins de toute nature, les déceptions, les affections contrariées, les revers de fortune, les ambitions déçues. L'effet de ces causes est en raison de l'impressionnabilité de l'individu, si l'on avait un moyen d'atténuer cette impressionnabilité, ce serait sans contredit le meilleur préservatif; eh bien! ce moyen est dans le Spiritisme qui amortit le contre-coup moral, qui fait prendre avec résignation les vicissitudes de la vie; tel qui se serait suicidé pour un revers, puise dans la croyance spirite une force morale qui lui fait prendre son mal en patience; non-seulement il ne se tuera pas, mais en présence de la plus grande adversité, il conservera sa froide raison, parce qu'il a une foi inaltérable en l'avenir. Lui donnerez- vous ce calme avec la perspective du néant? Non, car il n'entrevoit aucune compensation, et s'il n'a pas à manger, il pourra vous manger. La faim est une terrible conseillère pour celui qui croit que tout finit avec la vie; eh bien! le Spiritisme fait endurer même la faim, car il fait voir, comprendre et attendre la vie qui suit la mort du corps; voilà sa folie.

La manière dont le vrai Spirite envisage les choses de ce monde et de l'autre, le porte à dompter en lui les plus violentes passions, même la colère et la vengeance. Après l'article insultant de la Gazette de Lyon, que nous avons rappelé plus haut, un groupe d'une douzaine d'ouvriers nous dit: « Si nous n'étions pas Spirites, nous irions donner une volée à l'auteur pour lui apprendre à vivre, et si nous étions en révolution, nous mettrions le feu à la boutique de son journal; mais nous sommes Spirites; nous le plaignons et nous prions Dieu de lui pardonner. » Que dites-vous de cette folie, M. Burlet? En pareil cas qu'eussiez-vous préféré, d'avoir affaire à des fous de cette espèce, ou à des hommes ne craignant rien? Songez qu'aujourd'hui il y en a plus de vingt mille à Lyon. Vous prétendez servir les intérêts de l'humanité, et vous ne comprenez pas les vôtres! Priez Dieu qu'un jour vous n'ayez pas à regretter que tous les hommes ne soient pas Spirites; c'est à quoi vous et les vôtres travaillez de toutes vos forces. En semant l'incrédulité, vous sapez les fondements de l'ordre social; vous poussez à l'anarchie, aux réactions sanglantes; nous, nous travaillons à donner la foi à ceux qui ne croient à rien; à répandre une croyance qui rend les hommes meilleurs les uns pour les autres, qui leur apprend à pardonner à leurs ennemis, à se regarder comme frères sans distinction de races, de castes, de sectes, de couleur, d'opinion politique ou religieuse; une croyance en un mot qui fait naître le véritable sentiment de la charité, de la fraternité et des devoirs sociaux. Demandez à tous les chefs militaires qui ont des subordonnés spirites sous leurs ordres, quels sont ceux qu'ils conduisent avec le plus de facilité, qui observent le mieux la discipline sans l'emploi de la rigueur? Demandez aux magistrats, aux agents de l'autorité qui ont des administrés spirites dans les rangs inférieurs de la société, quels sont ceux chez lesquels il y a le plus d'ordre et de tranquillité; sur lesquels la loi a le moins à sévir; où il y a le moins de tumulte à apaiser, de désordres à réprimer?

Dans une ville du Midi, un commissaire de police nous disait: « Depuis que le Spiritisme s'est répandu dans ma circonscription, j'ai dix fois moins de mal qu'auparavant. » Demandez enfin aux médecins spirites quels sont les malades chez lesquels ils rencontrent le moins d'affections causées par les excès de tous genres? Voilà une statistique un peu plus concluante, je crois, que vos six cas d'aliénation mentale. Si de tels résultats sont une folie, je me fais gloire de la propager. Où ces résultats sont-ils puisés? Dans les livres que quelques-uns voudraient jeter aux flammes; dans les groupes que vous recommandez aux ouvriers de fuir. Que voit-on dans ces groupes, que vous dépeignez comme le tombeau de la raison? Des hommes, des femmes, des enfants qui écoutent avec recueillement une douce et consolante morale, au lieu d'aller au cabaret perdre leur argent et leur santé ou faire du tapage sur la place publique; qui en sortent avec l'amour de leurs semblables dans le cœur, au lieu de la haine et de la vengeance.

Voici de la part de l'auteur de l'article précité un singulier aveu: Victimes de l'hallucination qui les possède, leur prémisse admise, ils raisonnent ensuite avec une logique irréprochable qui ne fait que les affermir dans leur aberration. Singulière folie en vérité, que celle qui raisonne avec une logique irréprochable! Or, quelle est cette prémisse? nous l'avons dit tout à l'heure: L'âme survit au corps, conserve son individualité et ses affections, et peut se communiquer aux vivants. Qu'est-ce qui peut prouver la vérité d'une prémisse, si ce n'est la logique irréprochable des déductions? Qui dit irréprochable, dit inattaquable, irréfutable; donc, si les déductions d'une prémisse sont inattaquables, c'est qu'elles satisfont à tout, qu'on ne peut rien y opposer; donc, si ces déductions sont vraies, c'est que la prémisse est vraie, parce que la vérité ne peut avoir pour principe une erreur. D'un principe faux, on peut sans doute déduire des conséquences en apparence logiques, mais ce n'est qu'une logique apparente, autrement dit des sophismes, et non une logique irréprochable, car elle laissera toujours une porte ouverte à la réfutation. La vraie logique est celle qui satisfait pleinement la raison: elle ne peut être contestée; la fausse logique n'est qu'un faux raisonnement toujours contestable. Ce qui caractérise les déductions de notre prémisse, c'est d'abord qu'elles sont basées sur l'observation des faits; en second lieu qu'elles expliquent d'une manière rationnelle ce qui, sans cela, est inexplicable. A notre prémisse substituez la négation, et vous vous heurtez à chaque pas contre des difficultés insolubles. La théorie spirite, disons-nous, est basée sur des faits, mais sur des milliers de faits, se reproduisant tous les jours, et observés par des millions de personnes; la vôtre sur une demi-douzaine observés par vous. Voilà une prémisse dont chacun peut tirer la conclusion.

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